domingo, 25 de maio de 2008

Aventuras de domingo

Domingo, Dei Domini, dia de macarrão, frango, missa e futebol.
Posso dizer que hoje usufruí de quase tudo isso e mais um pouco...
Há dois meses, o pessoal de Campinas e região de uma comunidade do Orkut chamada Futebol Alternativo - FA (http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=49510), da qual faço parte, combinava em se encontrar num jogo tipicamente alternativo, de modo a honrar o que temos em comum: o amor ao nobre 'esporte bretão' onde ainda impera a força de vontade e a raça, apesar destes dois últimos atributos não terem sido vistos há algum tempo, inclusive hoje; o jogo em questão era Campinas x Red Bull Vinhedo, válido pela quarta divisão do futebol paulista.
Acordei cedo, como sempre gosto de fazer, mas nunca faço, para ser sincero, comprei pão e mortadela, tomei café correndo, ia perder hora, mas meu pai, gentimente (a bem da verdade, minha mãe intercedeu por mim), levou-me até o campo da Mogiana, onde pisei pela primeira vez.
Chegando lá, deparo-me com um rapaz com a camisa do Íbis, comprando ingresso, o que achei absurdo, jogo da quarta divisão com ingresso pago! Três reais meia-entrada, não deu para reclamar, comprei, e já fui atrás do cara com a camisa do Íbis, percebendo que era um dos que havia combinado em ir, e nisso o pessoal foi avolumando-se. Ao final da matutina espera, éramos oito, oito heróis num universo de aproximadamente 100 pessoas que se aventuraram a acordar cedo num domingo, para assistir a um jogo às 10 horas da manhã, de times tão desconhecidos quanto alternativos.
Começa o jogo, Red Bull plenamente superior ao Campinas, por mais que torcesse pela Águia Campineira, mas não teve jeito... Conversa de primeira, cornetagens básicas, gol do Red Bull, estávamos torcendo para o Campinas, não teve jeito, Rauber, o rapaz com camisa do Íbis, em um acesso de fúria, quase acerta o marcador do gol com um corneto de amendoim, podendo a vir prejudicar (rs, ah, conta outra...) o combalido time da Águia com a perda de mando de campo. Oxalá o árbitro não tenha posto isto na súmula.
Campinas tenta, mas não chega, e, quando chega, é barrado por um goleiro do Red Bull em dia inspirado, final do primeiro tempo.
Intervalo com direito a Coca, pastel, cerveja, Careca, aquele mesmo, o craque do Guarani, São Paulo, Napoli e Seleção Brasileira, comendo como um mortal qualquer um pastel de carne encharcado, que, hoje, não encarei.
Segundo Tempo, ai, segundo tempo. Resolvemos invadir a parte dos 'Sócios Torcedores', conforme placa informativa na entrada desta parte, aí a diversão começou. Após malabarismos nos equipamentos de TV (pois é, alguém gravou o jogo, não sei para quem assistir...), pulamos para perto da comissão técnica do Red Bull, um doping apurado com a ingerência do energético de marca comercial supracitada ocorrendo! Bradamos contra o vento, mas não adianta... você acha que a Federação Paulista irá punir por doping um time da quarta divisão??? Sem chance!
Corneta vai, corneta vem, as pérolas saindo da boca dos parceiros da FA, coisas do tipo 'Red Bull está a enterrar o futebol-arte', 'Paulo Sérgio, chega mais! Você lembra da Copa de 94??? (....) Eu lembro! Você lembra de Brasil e Camarões??? (...) Eu lembro!! (...) Você entrou??? Nãããããooooo!!!!!!!! ' (Paulo Sérgio foi um bom ponta-direita, que jogou muitos anos na Alemanha e foi convocado para a Copa de 94, não tendo entrado em nenhum jogo, e hoje é o técnico do Red Bull Vinhedo), 'Gilmar Fubá tava lá na Gold, tomando Whisky, viado, tá de ressaca, não vai jogar, né???' (Gilmar Fubá, para quem não conhece, foi um volante revelado pelo Corinthians famoso pela grosseria de seu futebol mas também pela raça demonstrada em campo), e assim vai, Gilmar Fubá vindo falar com o pessoal e tudo, um pênalti para o Red Bull, muito bem convertido, 2 a 0 no placar de um jogo com pouco futebol, mas, até agora, bastante alternativo.
O término do jogo marcou o início de uma nova epopéia. A busca por Paulo Sérgio e Gilmar Fubá, mas, acima de tudo, a suplicação por uma camisa, que nos foi esnobada pelos jogadores do Red Bull. Não tem problema, quem não dá hoje, vai ter que dar amanhã! A simpatia demonstrada, porém, pelo técnico e pelo jogador compensaram tudo.
Fomos embora de mão vazia, mas, com certeza, com os músculos da face mais relaxados dado o nível de piadas, chistes e besteiras que foram proferidas e saudadas com a mais exacerbada das risadas, palavrões e palavras torpes soltadas a torto e direito, num local onde até o mais pudico dos homens se solta, e grita contra tudo e contra todos, penso que melhor terapia do grito e do choque que estádio de futebol, não há.
Após o jogo, confraternização no bar 1º de abril, com direito a cerveja gelada, torresminho e bolinho de carne seca, enfim, um domingo de aventuras por mares nunca dantes navegados.
Saí mais pobre monetariamente, cansado e meio atordoado, mas feliz. Isso não tem preço.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Haicai torto

Prima pela alegria mas,
Foge quando triste, ai,
está, árduo fazer haicai,
Felicidade apenas.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

A fuga

Uma vez, quando criança, inventei de 'fugir'. Qual não foi minha decepção ao descobrir que o mundo era maior do que a esquina da minha casa. Às vezes fico decepcionado por não ter suficiente coragem e disponibilidade para fazer isso novamente. Estranho, não?
E começo a pensar. Como fugir? De onde? Para onde? Com quem? O que levar?
Fugir sem nada, só com a roupa do corpo, que tal?
Camiseta amarrotada, calça larga, sandálias Havaianas no pé. Dinheiro no bolso? Nenhum. Só a disposição. Para sair, basta abrir a porta suavemente, fechando o trico com cuidado. Ninguém há de escutar. Desço pelas escadas, não há vivalma por esse caminho. Vou pela garagem, para evitar contato humano. Venta, penso em pegar uma blusa, mas não, uma prova de fraqueza, logo no início, assim não dá. Na portaria, saio pela saída dos carros, fingindo ignorar os veementes protestos do porteiro. Subo a rua de casa, já começo a sentir o pé sujo da poeira do asfalto de má qualidade. Começo a ver as primeiras vacas. Penso no ar bucólico que ainda posso ter perto de casa, ar este com dias contados pela especulação imobiliária. Penso que poderia agir. E decido voltar. Fugir não é o melhor que posso fazer. Tergiversar é tentador, quiçá perigoso. Decido voltar para ler, para adquirir aquilo que nunca poderão tirar de mim, ao contrário das vacas que tanto aprecio ao acordar de manhã, algum conhecimento que me fará sair deste mundo, por instantes. Chego em casa, ninguém se deu conta de que havia fugido. Desisto de ler, deito e durmo. Melhor fuga não há.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

O início

Noite de Corpus Christi. Insone estou. E tenho vontade de falar. E não há ninguém que queira me escutar. Então decidi falar no deserto, tal qual João Batista. E falar, e falar, e falar, e, por ora, nada dizer.
A eterna busca, o que seria? Não adianta, por mais que nos achemos completos, sempre estamos em busca daquilo que irá nos redimir, no algo mais. Não se pode contentar com aquilo que se tem, porém viver em função daquilo que não se pode ter é perigoso, e contagioso, vide Hitler e a catarse alemã de 1933-45.
Mas nada é fixo. Hoje estou em busca, amanhã, quem sabe, hei de encontrar o que procuro. Se não achar, danei-me; se encontrar, irei atrás da próxima dúvida ou meta. Nada de balela de 'O segredo', eita idéia requentada. O negócio é agir. Sou eterno defensor da ação, por pior que ela seja.
E agora, o que farei? Irei dormir.